Ganhou consecutivamente o prestigiado prémio do Concurso Internacional de Vinhos e Espirituosos – o Wine Maker of the Year for Fortified Wines, em 2006, 2007 e 2008, e também o Len Evans Trophy, em 2007. No curriculum estão outras distinções. Em 2012, foi eleito Enólogo do Ano 2011 para os Vinhos Fortificadosem Portugal e, em 2014, arrecadou o prémio de Enólogo do Ano 2013 em Portugal. Francisco Albuquerque é, por tudo isso, um dos melhores embaixadores do vinho da Madeira, conhecedor, como poucos, das características da Ilha, sabedoria que transporta para as suas vinhas. Filho da terra, integra a Blandy’s (Madeira Wine Company), onde é diretor de enologia e administrador responsável pelos seus vinhos generosos, mas também pelos vinhos de mesa madeirenses da marca Atlantis, uma das mais recentes apostas na produção do arquipélago.
Academicamente, tem produzido e colaborado em diversos artigos científicos. A sua experiência levou a que, em 2018, lhe fosse pedido que validasse a mais antiga coleção de vinho da ilha, descoberta durante a remodelação do Liberty Hall Museum, nos Estados Unidos. Mas foi anos antes que lhe dirigiram o elogio que resume uma opinião unânime. O editor e proprietário da revista de vinhos dinamarqueses, Peter Winding, disse sobre o reputado enólogo, antes mesmo de lhe entregar a distinção como Enólogo do Ano 2014: «Ele é o mestre supremo dos blends. Ele é o mágico, rodeado de pipas, no seu templo magnífico de vinho Madeira. A sua fórmula mágica, a sua acuidade para provar, difunde-se para e pelas gerações futuras.»
Quando, como e porque é que começou a trabalhar na Blandy’s?
Fiz o curso e a especialização em Santarém. Por isso, estive a viver em Lisboa cinco anos. Regressei à ilha em 1988, com o objetivo de recuperar a quinta de família, a Quinta do Arco de São Jorge, que pertencia ao meu avô e na qual fazíamos sempre as vindimas. Entretanto, entrei para os serviços veterinários do Governo Regional. Após o revés de ter ido ao banco e me acenarem com juros acima de 27%, desisti e resolvi que iria para a Austrália trabalhar. No início de 1990, quando já tinha os papéis para emigrar, recebo um convite do engenheiro António Serra Alegra, na altura diretor-geral, para um estágio profissional na Blandy’s, na área de enologia e controlo da qualidade. Aceitei e fiz a primeira vindima de 1990 no Douro, com a Symington, que, em 1989, tinha adquirido a maioria do capital da Blandy's. O porquê de ter aceitado teve que ver com a credibilidade do grupo e da empresa, assim como com o projeto que tinham, que era extremamente aliciante. No grupo Symington, e com o meu mentor António Serôdio, tive de aprender muito depressa, com muito rigor e, sobretudo, com muita humildade. A própria vindima de 1990, uma das maiores de sempre, pôs-me à prova em termos físicos e mentais, tendo aplicado os parcos conhecimentos adquiridos intensamente e com sucesso. Fiquei orgulhoso e muito reconhecido quando me comunicaram que passaria a efetivo na Blandy's.
O que distingue um bom enólogo?
Deverá ser uma pessoa rigorosa, atualizada, com alguma cultura geral e humanismo, naturalmente com sentidos treinados e apurados, que perceba o que está a fazer, e para quem, e que respeite as tradições e os terroirs onde trabalha. Tem de ser inovador pelo conhecimento e, para tal, ter algum espírito científico. Deverá ser também alguém que goste da vida e de viver sem grandes exageros.
Como tem sido a experiência de ser administrador e enólogo da Madeira Wine Company?
Tem sido uma experiência muito positiva, de aprendizagem contínua, tal como na enologia, acrescentando momentos solitários de reflexão para as decisões.
Como foi receber, nos anos 2006, 2007 e 2008, os prémios de melhor enólogo do ano?
Uma grande alegria, um enorme orgulho, sobretudo pela empresa e por toda a equipa. Foi o reconhecimento de que estávamos no caminho correto, a fazer grandes vinhos.
«Tem sido uma experiência muito positiva, de aprendizagem contínua, tal como na enologia, acrescentando momentos solitários de reflexão para as decisões»
Qual ou quais os momentos que mais o marcaram dentro da empresa, ao longo destes anos?
A nossa mudança de instalações do centro do Funchal para a Zona Franca do Caniçal, com a logística de transportar mais de dois mil cascos de 650 litros, máquinas, tanques e mais de 45 cubas de madeira com mais de 20 mil litros de capacidade, durante as madrugadas e com escolta policial. Um grande desafio. Depois, o reconhecimento de termos obtido nas novas instalações o grau mais elevado de qualidade da BRC A+ (British Retail Consortium).
A quantos países chega hoje o vinho Madeira?
Cerca de 49.
Quais os objetivos profissionais do enólogo número um da Madeira para os próximos anos?
Deixar um legado de vinhos, no stock de grande qualidade para as gerações vindouras, de modo a manter a empresa no topo, tal como a recebi ao fim de sete gerações. E tentar perceber, ainda mais, a cinética de envelhecimento dos nossos vinhos lançando mais projetos científicos.
Como descreveria o vinho Madeira?
Único, indestrutível e de inesquecível exuberância.
Qual o melhor vinho Madeira que provou até hoje?
Um dos melhores, sem dúvida, o Borges Terrantez 1790, da minha família. Mas será redutor colocar um só... Acrescentaria o Blandy's Boal Solera 1864 e o Blandy's Boal 1920.
Academicamente, tem produzido e colaborado em diversos artigos científicos. A sua experiência levou a que, em 2018, lhe fosse pedido que validasse a mais antiga coleção de vinho da ilha, descoberta durante a remodelação do Liberty Hall Museum, nos Estados Unidos. Mas foi anos antes que lhe dirigiram o elogio que resume uma opinião unânime. O editor e proprietário da revista de vinhos dinamarqueses, Peter Winding, disse sobre o reputado enólogo, antes mesmo de lhe entregar a distinção como Enólogo do Ano 2014: «Ele é o mestre supremo dos blends. Ele é o mágico, rodeado de pipas, no seu templo magnífico de vinho Madeira. A sua fórmula mágica, a sua acuidade para provar, difunde-se para e pelas gerações futuras.»
Quando, como e porque é que começou a trabalhar na Blandy’s?
Fiz o curso e a especialização em Santarém. Por isso, estive a viver em Lisboa cinco anos. Regressei à ilha em 1988, com o objetivo de recuperar a quinta de família, a Quinta do Arco de São Jorge, que pertencia ao meu avô e na qual fazíamos sempre as vindimas. Entretanto, entrei para os serviços veterinários do Governo Regional. Após o revés de ter ido ao banco e me acenarem com juros acima de 27%, desisti e resolvi que iria para a Austrália trabalhar. No início de 1990, quando já tinha os papéis para emigrar, recebo um convite do engenheiro António Serra Alegra, na altura diretor-geral, para um estágio profissional na Blandy’s, na área de enologia e controlo da qualidade. Aceitei e fiz a primeira vindima de 1990 no Douro, com a Symington, que, em 1989, tinha adquirido a maioria do capital da Blandy's. O porquê de ter aceitado teve que ver com a credibilidade do grupo e da empresa, assim como com o projeto que tinham, que era extremamente aliciante. No grupo Symington, e com o meu mentor António Serôdio, tive de aprender muito depressa, com muito rigor e, sobretudo, com muita humildade. A própria vindima de 1990, uma das maiores de sempre, pôs-me à prova em termos físicos e mentais, tendo aplicado os parcos conhecimentos adquiridos intensamente e com sucesso. Fiquei orgulhoso e muito reconhecido quando me comunicaram que passaria a efetivo na Blandy's.
O que distingue um bom enólogo?
Deverá ser uma pessoa rigorosa, atualizada, com alguma cultura geral e humanismo, naturalmente com sentidos treinados e apurados, que perceba o que está a fazer, e para quem, e que respeite as tradições e os terroirs onde trabalha. Tem de ser inovador pelo conhecimento e, para tal, ter algum espírito científico. Deverá ser também alguém que goste da vida e de viver sem grandes exageros.
Como tem sido a experiência de ser administrador e enólogo da Madeira Wine Company?
Tem sido uma experiência muito positiva, de aprendizagem contínua, tal como na enologia, acrescentando momentos solitários de reflexão para as decisões.
Como foi receber, nos anos 2006, 2007 e 2008, os prémios de melhor enólogo do ano?
Uma grande alegria, um enorme orgulho, sobretudo pela empresa e por toda a equipa. Foi o reconhecimento de que estávamos no caminho correto, a fazer grandes vinhos.
«Tem sido uma experiência muito positiva, de aprendizagem contínua, tal como na enologia, acrescentando momentos solitários de reflexão para as decisões»
Qual ou quais os momentos que mais o marcaram dentro da empresa, ao longo destes anos?
A nossa mudança de instalações do centro do Funchal para a Zona Franca do Caniçal, com a logística de transportar mais de dois mil cascos de 650 litros, máquinas, tanques e mais de 45 cubas de madeira com mais de 20 mil litros de capacidade, durante as madrugadas e com escolta policial. Um grande desafio. Depois, o reconhecimento de termos obtido nas novas instalações o grau mais elevado de qualidade da BRC A+ (British Retail Consortium).
A quantos países chega hoje o vinho Madeira?
Cerca de 49.
Quais os objetivos profissionais do enólogo número um da Madeira para os próximos anos?
Deixar um legado de vinhos, no stock de grande qualidade para as gerações vindouras, de modo a manter a empresa no topo, tal como a recebi ao fim de sete gerações. E tentar perceber, ainda mais, a cinética de envelhecimento dos nossos vinhos lançando mais projetos científicos.
Como descreveria o vinho Madeira?
Único, indestrutível e de inesquecível exuberância.
Qual o melhor vinho Madeira que provou até hoje?
Um dos melhores, sem dúvida, o Borges Terrantez 1790, da minha família. Mas será redutor colocar um só... Acrescentaria o Blandy's Boal Solera 1864 e o Blandy's Boal 1920.