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Mário Leite

"Exportamos cerca de 87% dos nossos produtos”

PMmedia Pub.

Dificilmente algo prospera sem dedicação e sem amor. Talvez por isso se perceba melhor o sucesso da fabricante portuguesa de cadeiras Fenabel. A empresa, que este ano completa 30 anos, nasceu de uma história curiosa que uniu os avós de Mário Leite. No entanto, se hoje a empresa faz sucesso internacional, tal deve-se ao afinco do neto, cujos objetivos estão bem traçados: trabalhar para ser cada vez mais uma empresa de referência; continuar a caminhar rumo à indústria 4.0; e, como não poderia deixar de ser, contribuir todos os dias para preservar a sustentabilidade do planeta.

 

Como nasce a Fenabel?
Nós dividimos a história em duas partes. A primeira mistura-se com a história da família. Os meus bisavós produziam cadeiras desde 1907. Tanto o meu bisavô materno como paterno tinham pequenas oficinas de cadeiras. Eram vizinhos e concorrentes e, a determinado momento, a vida destes dois homens cruzou-se, graças ao casamento dos seus filhos Rosa Dias e Mário Leite. Após anos de trabalho, o meu pai, que também se chamava Mário Leite, criou esta empresa. No início, era de cadeiras, depois de mobiliário em geral, e em 1991 voltámos novamente só para as cadeiras.
Em 1992, nasce a marca Fenabel. Começámos em agosto, mas o meu pai faleceu em fevereiro do ano seguinte, o que nos obrigou a repensar e a readaptar, mas sempre voltados para a inovação e para o crescimento. Queríamos crescer em Portugal, mas já éramos exportadores para mercados como Espanha e Holanda. E assim fomos trabalhando, arduamente e sempre com muito afinco, tendo o mercado internacional começado a ganhar mais relevo. A Fenabel começou cedo a marcar presença em feiras internacionais, nomeadamente em Colónia, Valência, Paris, Reino Unido, Las Vegas e, principalmente, em Milão, onde, ainda hoje, apostamos fortemente com a apresentação das novas coleções, pois consideramos que esta é a principal feira do setor. Temos 30 anos e somos já uma empresa com grande notoriedade, experiência e know-how, que começa a ser referência no mundo das cadeiras. 

Porquê especializarem-se em cadeiras?
Dentro do mundo dos móveis existem especializações. Nós apostamos em cadeiras de madeira porque exigem mecanismos próprios de trabalho. É um mercado diferente. A cadeira fica na sala, na cozinha, mas também no restaurante e no hotel, sendo que, além de cadeiras, também temos propostas de lounges, sofás e mesas, tudo para complementar o produto ‘cadeira’ e equipar um hotel no que respeita ao produto de sentar. Esta é, na verdade, uma área abrangente. Nos últimos anos, também começámos a trabalhar na área da geriatria, para lares de idosos, que também é um mercado onde temos apostado muito. No fundo, a especialização deve-se à necessidade de máquinas específicas, mas também porque existe um mercado só para a cadeira e para a mesa.

Neste momento a empresa, que tem novas instalações em Rebordosa, Paredes (Portugal), conta com uma grande equipa…
Sim, temos 123 colaboradores.

 «Temos 30 anos e somos já uma empresa com grande notoriedade, experiência e know-how»

Há pouco referia a forte aposta nas exportações. Neste momento, quem são os vossos principais clientes?
O nosso principal mercado é a França. Depois, temos a Alemanha, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos da América, Nova Zelândia, Austrália, Espanha, os países do Benelux, etc., pois temos muitos outros… A verdade é que vendemos um pouco para todo o mundo, mas a nossa presença mais forte é na Europa, pela proximidade e facilidade de venda.

A Fenabel é uma PME de Excelência. Como é a relação com o mercado português?
Sim, já somos PME de Excelência há cinco anos consecutivos. Exportamos cerca de 87% dos nossos produtos e os outros 13% são para empresas portuguesas que também vendem os produtos Fenabel para fora. Embora o mercado português não seja muito expressivo, representa cerca de 5% do material que produzimos. O mercado mudou muito nos últimos anos, mas o que temos feito é apostar no design e na inovação, com bons estúdios de design, estando igualmente sempre prontos a apostar em parcerias com  instituições, como a Escola Superior de Artes e Design, e em concursos de design. O que acho que tem feito a empresa ser aquilo que é, para além da aposta na melhoria contínua, é a equipa, à qual muito agradeço.

Em termos gerais, em que se destaca a Fenabel como marca de sucesso?
Desde há uns anos que criamos parcerias com designers portugueses e internacionais, tais como Gian Luca Tonneli e Davide Carlesi, da Area44, em Itália; Aitor Garcia de Vicuña e MUKA lab, de Espanha; Studio Segers, da Bélgica; Javier Gomez, dos EUA; e também portugueses, tais como a Mónica Braga dos Santos, André Teoman, entre outros.
Queremos ser diferentes e inovadores. Temos vindo a construir um catálogo de produtos diferenciados do resto do mercado, aliando o conforto à qualidade. Temos investido nas nossas instalações e melhorámos muito as condições de trabalho dos nossos colaboradores, que era algo que há muito queríamos. E, neste momento, estamos noutra fase de investimento, em equipamento de topo, que nos permita ser ainda mais eficientes e continuar a garantir a qualidade de construção das peças que já nos é reconhecida.

«Temos uma central fotovoltaica que nos permite produzir 40% da energia que consumimos» 

Em agosto fazem 30 anos. Quais são as metas que começam a traçar?
No fundo, são quatro e estão todas interligadas. O primeiro objetivo da Fenabel, que temos vindo a concretizar todos os dias, é ser uma referência no mundo das cadeiras, consolidando ainda mais a forte posição nos mercados atuais e alargando ainda mais o número de países onde estamos presentes. Depois, queremos ser uma indústria 4.0, ainda mais versátil, para que os nossos clientes possam acompanhar e integrar o processo produtivo. Já somos Taylor Made e Costumer Made, o que nos permite a flexibilidade procurada pelos nossos clientes. Outra questão é a economia circular, de que muito se fala atualmente e onde nós também já temos muitos passos dados ao sermos uma empresa certificada já há muitos anos. E, este ano, conseguimos a certificação ambiental, ao sermos uma empresa que controla ambientalmente tudo o que produz. Para isso, contribuem vários fatores, como o consumo de madeira PEFC, de origem de florestas controladas; reaproveitamento exaustivo de excedentes produtivos; o cuidado de trabalhar com componentes de acabamento com base aquosa; o uso de tecidos reciclados em parcerias com ONG; o investimento em painéis solares –temos uma central fotovoltaica que nos permite produzir 40% da energia que consumimos –, entre muitos outros fatores. Queremos controlar o nosso produto o mais possível, mas também sensibilizando o nosso cliente para as melhores práticas, e estas têm de começar em nós.
Como disse, queremos melhorar todos os dias. 

T. Filomena Abreu
F. Miguel Marques