Paulo Martins
«As pessoas que fazem parte do universo Villas&Golfe distinguem-se»
Pela primeira vez, o Paulo Martins sai numa edição, enquanto entrevistado. Estar neste número ao lado de tão ilustres figuras nacionais é também um motivo de orgulho?
Sem dúvida. São 20 anos. E 20 anos são uma marca na carreira de qualquer pessoa. Fazer parte da edição dos 20 anos da Villas&Golfe é um orgulho, até porque estou ao lado de pessoas importantíssimas para o país, a começar pelo Sr. Presidente da República. Mas a verdade é que tantas outras também caberiam neste leque das 20 personalidades escolhidas. Procuro ser low profile, não gosto muito de aparecer, porque a minha função é trabalhar, desenvolver projetos de qualidade e divulgar o país, as coisas boas que se fazem em Portugal e no mundo. O mesmo se passa com as redes sociais, tenho o essencial, o LinkedIn, porque não gosto muito de entrar nesse mundo das redes, embora seja obrigado a vê-las.
Como é que a Villas&Golfe surge na vida do Paulo Martins?
Nasce na transição de um projeto que eu tinha na minha vida, no início da minha carreira jornalista, que foi o Primeiro de Janeiro, onde comecei a desenvolver a minha atividade editorial. Depois, quando saí do jornal, decidi lançar um projeto distinto, um projeto singular, com as características da Villas&Golfe. Durante muito tempo, pensei nela e depois achei que teria de ser um projeto com um conceito tão bom em Portugal como em qualquer parte do mundo; a revista tinha de ser única e destinta.
Quais foram as bases deste projeto?
Na altura, há 20 anos, a Quinta do Lago já existia há muitos anos, mas continuava a ser um projeto muito singular em Portugal. Nessa época, começaram a nascer vários resorts; campos de golfe; villas de luxo; conceitos de habitação distintos, diferentes de tudo o que existia até aí, nomeadamente a Quinta do Lago, o Vale do Lobo, a Quinta Patino, a Quinta da Marinha, entre muitos outros, que surgiram como exemplo de villas e golfe, onde viviam pessoas que tinham um conceito de vida distinto, tal como a revista que eu queria lançar. Essas pessoas gostavam de coisas boas: de jogar golfe, de viajar, de casas de luxo, de arquitetura, de decoração, de degustar um bom vinho e um bom prato, de um bom automóvel, de cultura e arte… Ora, daí nasce o conceito. As pessoas que fazem parte do universo Villas&Golfe distinguem-se.
«A Villas&Golfe é como um Rolls Royce»
Onde é que se posiciona este conceito Villas&Golfe?
É um cliente com um gosto distinto, com uma cultura diferenciada e que sabe viver num conceito de lifestyle e qualidade. É alguém que sempre foi, que nasceu, desenvolveu e foi educado para ter um estilo de vida de luxo.
Naquela época, houve quem não acreditasse no potencial que tinha a Villas&Golfe?
Na altura, muito pouca gente acreditava, porque era uma revista demasiado evoluída, com um conceito caro e um formato distinto. O produto era caro e as pessoas achavam que esse produto não iria vencer, porque era demais para Portugal. No início, havia alguns, como o Sr. André Jordan e o Sr. Américo Amorim, que diziam: «Ó Paulo, isto é bom demais para Portugal». E, hoje, passados 20 anos, há um «afinal estava enganado».
Passados 20 anos, após várias crises económicos, a revista mantém a sua essência e a sua qualidade, como é possível?
Um Rolls Royce é sempre um Rolls Royce. Ele pode, eventualmente, evoluir aqui e ali, pode modernizar aqui e ali, pode ter 20 anos, 30 anos, e, pelo contrário, cada ano ele valoriza mais. A Villas&Golfe é um Rolls Royce. Ela pode modernizar, mas está lá a qualidade, a capacidade tecnológica, a construção, a cosedura, a linha. A Villas&Golfe é como um bordado feito à mão, não é feito às três pancadas, é uma revista feita ao detalhe. Não se pode fazer a Villas&Golfe numa semana; aliás, pode, mas não ficará bem.
A Villas&Golfe é quase como um filho para o Paulo Martins?
Naturalmente que um projeto como a Villas&Golfe não se pode abandonar. Ele tem de ser acompanhado permanentemente. Quando estamos a preparar uma edição, o conceito da nossa equipa é que não existe ‘mais ou menos’, todos sabem que, aqui dentro (atelier), não existe mais ou menos, ou é bom ou não entra. Se a fotografia é boa, ela entra, se não for, não entra. A Villas&Golfe tem em rigor os textos, as fotografias, o papel, o brilho, o verniz, a cosedura, ela é um produto de luxo.
O mundo editorial já estava na sua génese. Além deste projeto, também criou outros. Sempre foi o seu objetivo criar algo que perdurasse no tempo?
Mais do que isso. Quando lancei a Villas&Golfe pretendia lançar um projeto, tal como disse no início, com características de qualidade, implementadas em Portugal e em qualquer parte do mundo. Daí que parti para a internacionalização. Lancei a revista em Portugal; passado oito anos em Angola, seguindo-se Moçambique, Brasil e Rússia. Além disso, também temos outros projetos – nomeadamente a revista TRENDS, com 17 anos –, temos trabalhos na área editorial, sende um dos nossos core business os livros, com o mesmo rigor e qualidade, em que trabalhamos para Portugal e outros países. O nosso cliente é um cliente bem posicionado, com cultura elevada, com capacidade económica, corporate, esse é o nosso mercado.
«A Villas&Golfe é um dos maiores promotores da imagem de Portugal, pela positiva, pela qualidade»
Uma revista celebrar 20 anos é algo quase inédito, ainda mais uma revista como a Villas&Golfe. Neste caminho, o verdadeiro apoio que alguma vez este projeto sentiu foi o contributo dos parceiros (anunciantes) que sempre estiveram por perto? Como se olha para este percurso?
A palavra é resiliência. Naturalmente que, em 20 anos, já sofremos várias crises. Eu, Villas&Golfe, nunca recebi qualquer apoio governamental. É uma revista completamente independente. Nunca ninguém apoiou a Villas&Golfe a não ser os seus clientes. Temos vários clientes que nos apoiam e acreditam em nós. Sempre acreditaram em nós, como a Rolex internacional que nos acompanha há 20 anos, entre outros. Temos o mundo dos relógios, o da imobiliária, os automóveis, entre outros, mas nós lutamos no dia a dia pela qualidade, por não cair. Claro que tivemos dificuldades, claro que foi difícil. Mas nunca negamos a qualidade, sempre mantivemos a excelência do produto e, por isso, as pessoas sempre acreditaram em nós.
Os leitores e assinantes colecionam a revista?
Sem dúvida. A revista Villas&Golfe é uma revista essencialmente de coleção, é para apaixonados. A Villas&Golfe não tem de estar em todo o lado, tem de estar nos sítios certos. Tem de estar onde está o nosso cliente. E está nos campos de golfe, nos resorts, nos principais quiosques distintos (não está no quiosque de rua, porque não é para estar no quiosque de rua). Está em livrarias, temos assinantes, está em locais corporate e foi a primeira revista a estar nos lounges da TAP, até tínhamos um expositor específico. Ainda hoje temos colecionadores que, se lhes falta uma edição ligam para cá a pedir esse número. A Villas&Golfe tornou-se num objeto de culto. Quer queiramos quer não, a Villas&Golfe é já um ícone em Portugal. É, naturalmente, um projeto que nos orgulha muito, a mim e à minha equipa. Acho que o país também se deve orgulhar disso. É uma revista isenta. Nós entrevistamos desde o Francisco Lousã, Durão Barroso, Presidente da República a uma outra pessoa, por si, pela sua personalidade, pelo seu percurso e distinção, não porque é de esquerda ou de direita, ou porque é A, B ou C. Elevamos os mais altos desígnios do país. A Villas&Golfe é um dos maiores promotores da imagem de Portugal, Angola e Moçambique pela positiva, pela qualidade e hoje chega ao mundo inteiro através da rede digital.
A Villas&Golfe apresenta-nos um novo rebranding ao celebrar os 20 anos...
A Villas&Golfe já adaptou a sua imagem algumas vezes, ao longo da sua existência. Esta mudança é estratégica pois ela tem em conta as adaptações dos novos tempos e a modernidade de conceitos, assim como a adaptação ao digital, que é preponderante nos tempos que vivemos. Por outro lado, como já referi anteriormente, o Rolls Royce existe e tem sempre o mesmo valor, com tendência a aumentar, mas tem de se modernizar e adaptar ao design e aos conceitos dos nossos tempos e ao mundo!
Tal como questionámos às 20 personalidades que formam este número especial da Villas&Golfe, se lhe fosse possível eleger, quais seriam os momentos que mais marcaram o país e o mundo nestes últimos 20 anos?
Há um acontecimento que nunca poderei esquecer: o 11 de setembro de 2001. A Villas&Golfe nasceu em setembro de 2001, estávamos a fechar a edição, quando cheguei ao café e olhei para a TV e vi os aviões a embater nas Torres Gémeas. Estava eu e um colaborador da revista, e ficámos estupefactos ao ver tal acontecimento. Não posso ficar inferente a um acontecimento desses, que me marcou e marcou o mundo. A partir desse dia, o mundo mudou para sempre. Uma outra grande mudança são as redes sociais, que hoje têm tudo o que é de bom e tudo o que é de mau. E o terceiro aspeto, que acho que vai mudar a vida de todos nós, é a questão ambiental. Estes são os três aspetos que marcaram estes últimos 20 anos e que vão marcar, indiscutivelmente, a vida de todos nós no futuro, porque está em causa a nossa sobrevivência.
Profissionalmente, qual foi o momento mais decisivo para si nestas duas décadas?
Claro que a criação e o lançamento da Villas&Golfe é naturalmente um marco na minha vida. Mas tenho outros, como a criação da minha adega e a criação da marca do meu vinho, algo que nasceu também de mim e que também vai marcar indiscutivelmente o país, porque o posicionamento é o mesmo que o da Villas&Golfe. Vidago Villa é um marco na minha vida. O Primeiro de Janeiro também marcou a minha carreira. Eu era o responsável pela delegação de Braga; na altura, trabalhava com o Paulo Morais, e a verdade é que o jornal me deu terreno, contactei com políticos, presidentes de câmara, presidentes de junta, com a cultura, a saúde... Em termos gerais, deu-me um conceito global de negócio, desde a venda, ao editorial e à organização do plano.
Qual seria, no seu entender, a grande mudança que o país e o mundo precisariam operar nos próximos 20 anos?
O que vai ter de mudar é, decididamente, a questão ambiental. O petróleo continua a aumentar de preço… Os carros, a forma como vivemos o plástico, as embalagens, a forma como nos vestimos, tudo vai ter de mudar em função da nossa própria sobrevivência. Acho que está em causa, nos próximos 50 anos, a sobrevivência da humanidade. O mundo vai ter de mudar… Se não mudar, vai acabar.